Fonte: Exame
O ano de 2024 marca os 50 anos de relações diplomáticas entre o Brasil e a China, dois gigantes globais que, em suas respectivas regiões, são líderes em crescimento econômico e inovação. O Brasil, com sua vasta extensão territorial e recursos naturais, é o principal mercado da América Latina, enquanto a China é a maior economia da Ásia e segunda maior do mundo. Ao longo desse meio século, as relações comerciais entre as duas nações evoluíram, com a China se tornando o maior parceiro comercial do Brasil. Mais recentemente, essa parceria passou a se destacar no setor de energia, especialmente com o avanço de projetos em energias renováveis.
Dados recentes apontam que os investimentos do país asiático em energia renovável na América Latina triplicaram nos últimos anos. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), é justamente o financiamento chinês que tem sido um dos fatores cruciais para a expansão de projetos de energia renovável no continente latino-americano, com a China se tornando uma das maiores fontes de capital para a região. Especificamente no Brasil, as empresas chinesas têm contribuído significativamente para a geração e transmissão de energia, além de impulsionarem inovações tecnológicas, transferência de conhecimento e geração de empregos.
Um exemplo recente que reflete essa parceria entre os dois países tem sido vivido por nós, na Engeform Energia. Há pouco tempo, o Complexo Eólico Serra da Palmeira, na Paraíba, desenvolvido por nossa subsidiária, a PEC Energia, foi vendido para a CTG Brasil, ainda em sua fase de desenvolvimento. A empresa é uma das maiores do segmento de energia do País e é parte da China Three Gorges Corporation, uma das líderes globais em geração de energia limpa. Atualmente, o Complexo está em fase de construção pela CTG Brasil e é um dos maiores do Brasil a serem implantados em uma única fase, com 648 MW de potência instalada (o suficiente para abastecer mais de 1,5 milhão de residências), 108 turbinas eólicas, cada uma com capacidade de 6 MW, fabricadas por outra empresa chinesa que estabeleceu operações em território nacional.
Além da energia eólica, o setor de energia solar, cujo domínio da produção de painéis fotovoltaicos é chinês, também tem experimentado um crescimento acelerado no Brasil, reforçando, mais uma vez, o papel do país asiático como um parceiro fundamental na transição para uma matriz energética mais limpa.
Nesse contexto, vale destacar que a parceria entre Brasil e China no setor de energia renovável vai além do interesse comercial. Trata-se de uma cooperação estratégica voltada para o desenvolvimento sustentável e a mitigação das mudanças climáticas, uma vez que ambos os países compartilham o compromisso de reduzir emissões de carbono e liderar a transição energética global.
No cenário brasileiro, essa colaboração é essencial para o cumprimento de metas ambientais e de descarbonização. Ao mesmo tempo, o Brasil oferece à China um mercado estável e de longo prazo, com condições ideais para o desenvolvimento de novos projetos de geração renovável. Aliás, aproveitando esse tema, relembre aqui o artigo sobre hidrogênio verde, que se conecta inteiramente com o mercado de energia renovável e o protagonismo do Brasil nesse setor.
Olhando para o futuro, a tendência é a de que os investimentos chineses no setor energético brasileiro continuem crescendo, impulsionados pela demanda global por energias renováveis. O Brasil, com sua vasta capacidade de geração eólica e solar, é um destino natural para esses investimentos. Ao unir os recursos naturais e a capacidade tecnológica do Brasil com o capital e a expertise industrial da China, estamos ajudando a moldar um futuro energético mais verde, inovador e resiliente.