Realizada com materiais como argamassa baritada, drywall com chumbo e portas especiais, a blindagem radiológica requer projeto específico e testes para atestar a eficácia das proteções
Fonte: AECweb
Em instalações hospitalares, odontológicas e laboratoriais, uma das etapas de maior criticidade é a construção das áreas dedicadas à realização de exames radiológicos. Afinal, é necessário garantir a esses ambientes blindagem à radiação emitida por equipamentos de radiografia, mamografia, densitometria, entre outros.
Para assegurar que a radiação não invada outros ambientes e seja dissipada na própria sala de exame, as proteções devem ser especificadas após estudos prévios que envolvem todas as disciplinas, desde a arquitetura, até as instalações elétricas e a climatização. A elaboração dos projetos toma como ponto de partida a definição dos equipamentos de imagens que serão instalados, incluindo marcas e modelos específicos. Isso porque cada máquina emite um nível de radiação diferente.
“O estudo da proteção radiológica, elaborado por um físico nuclear, leva em consideração todos os níveis de emissão”, explica o engenheiro Eduardo Rossetti Augusto, gestor executivo de negócios da Engeform. “Já na execução, o cuidado no preparo das salas deve ser redobrado. A proteção não pode ter falhas, por menores que sejam, pois qualquer imperfeição pode ocasionar vazamento de radiação”, continua o engenheiro.
Uma vez concluída a blindagem, a sala radiológica deve ser submetida a testes, conduzidos por físicos nucleares para atestar a eficácia das proteções. Isso significa que falhas de dimensionamento ou de execução na blindagem podem impedir a operação da sala e demandar retrabalhos.
O mercado disponibiliza uma série de soluções para a proteção radiológica de hospitais, laboratórios, clínicas odontológicas e veterinárias. Entre as mais usuais estão a argamassa baritada e a instalação de placas de chumbo junto às alvenarias. Em ambos os casos, a proteção é aplicada antes do revestimento final.
A definição do tipo e o dimensionamento da proteção radiológica dependem da análise de alguns fatores. Os mais relevantes são a área interna do ambiente (sobretudo porque cada solução resulta em uma espessura de aplicação diferente), os custos envolvidos e o prazo para execução.
O tratamento com argamassa baritada costuma ser bastante simples, apresentar baixo custo e dispensar mão de obra especializada. No entanto, o material utilizado, composto por sulfato de bário de alto teor, areia e outros materiais, deve ser certificado pelo IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares). Esta é uma condição para que a sala seja liberada para operação junto aos órgãos fiscalizadores.
A espessura da camada de argamassa aplicada na parede, piso e no teto varia em função da necessidade definida pelo projeto de blindagem. Tal estudo deve incluir um memorial de cálculo, documento que também é um pré-requisito para o licenciamento do serviço de radiodiagnóstico médico e odontológico, medicina nuclear ou radioterapia.
A legislação que trata da blindagem radiológica é a Portaria 453 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo essa regulamentação, não basta realizar a blindagem de paredes e portas se não houver o documento comprobatório de sua eficácia e a assinatura do responsável pelos cálculos.
Cada vez mais comum, especialmente em obras que demandam agilidade de execução e maior leveza das paredes, o drywall em chapas duplas com miolo de lençol de chumbo é outra alternativa construtiva para proteção radiológica.
Embora de simples execução, a instalação das chapas deve ser acompanhada de alguns cuidados, para não permitir a existência de frestas nas paredes, tetos ou revestimentos. O ideal é que as juntas entre as camadas fiquem sempre desalinhadas. Também deve-se dar atenção especial à colocação de caixas de luz, tomadas e luminárias, que pode criar vulnerabilidades na proteção.
Para o sucesso da blindagem de uma sala radiológica, são usuais, ainda, portas e visores com proteção radiológica. “Nestes casos, a especificação normalmente recai sobre portas preenchidas com lençol de chumbo, e sobre vidros plumbíferos, que também levam o metal pesado em sua composição”, explica Eduardo Rossetti Augusto.
COLABORAÇÃO TÉCNICA
Eduardo Rossetti Augusto – Engenheiro civil pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, é pós-graduado em negócios imobiliários pela FAAP e gestor executivo de negócios da Engeform. Atuou na construção dos hospitais Unimed Vale do Sinos em Novo Hamburgo (RS) e Unimed BH, em Betim (MG) e na reforma e ampliação do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo.