Fonte: Valor Econômico
Para colocar de pé a fase III do Complexo Eólico Serra das Vacas, em Pernambuco, a PEC Energia, empresa da Engeform Energia Renovável, fechou acordo com a fabricante Vestas para instalar, operar e realizar a manutenção de 19 aerogeradores. O projeto de 85 megawatt (MW) de capacidade instalada contará com um segundo contrato de operação e manutenção por 25 anos.
Em conversa com o Valor, os executivos das empresas contaram que a negociação vem acontecendo há quase um ano, mas a conta não fechava. Em setembro de 2021, a PEC foi uma das ganhadoras do leilão A-5 com a comercialização de 18% da energia, fato que viabilizou a compra dos equipamentos.
O complexo tem investimentos de R$ 600 milhões. Entretanto, eles fazem segredo do valor do contrato dos aerogeradores, mas sabe-se que, em média, os equipamentos custam entre 65% a 75% do valor global dos empreendimentos.
“É uma negociação que envolve equity. A gente está negociando. Provavelmente será com o BNB, sendo 50% da dívida com o banco, 20% debêntures e 30% capital próprio. As taxas de financiamento ainda não foram fechadas”, explica o presidente e acionista da Engeform Energia Renovável, Gilberto Feldman.
A dinamarquesa Vestas já começa a mobilizar a fábrica no Ceará para fabricação dos equipamentos – pás e turbinas – para que as primeiras entregas comecem no segundo semestre de 2023. A expectativa é a criação de 700 empregos.
Se tudo correr bem, em abril de 2024 o parque será concluído, totalizando 227 MW. Ano passado, a Vestas instalou no Brasil 2 GW, a maior instalação da companhia num contexto de pandemia. O desafio do presidente da empresa na América Latina, Eduardo Ricotta, agora é o contexto da guerra na Ucrânia, que tem impactado os preços e a alta das commodities.
“Com a PEC, estamos batendo 7 GW da turbina V150-4,5MW no Brasil. O histórico desta plataforma, combinado com o contrato de serviço de longo prazo, deve ajudar a PEC a impulsionar os negócios de seus clientes”, afirma Ricotta.
Nos planos estão novas parcerias. A PEC mira no segmento de comercialização de energia e tem no radar outro projeto denominado Serra das Almas Norte, que terá capacidade instalada de aproximadamente 260 MW com 55 turbinas com vistas a vender energia por meio do mercado livre, o que abrirá possibilidade de um novo acordo com a Vestas.
“O projeto de Serra das Almas, localizado na fronteira da Bahia e Minas Gerais, é dividido em duas fases. A primeira fase, com 260 MW de potência instalada, foi vendida este ano para a EDF. Já a segunda fase, também com 260 MW, é um projeto 100% nosso, no qual a Vestas também poderá fazer parte da instalação dos aerogeradores”, diz Feldman.
Mesmo operando um parque eólico desde 2015, a PEC sempre foi lembrada como desenvolvedora de projetos. O objetivo agora é crescer a base operacional, participar de leilões e se tornar uma empresa mais relevante em geração e comercialização.
Já a Vestas tem o desafio de travar os custos e entregar o equipamento mantendo as margens. Ricotta ressalta que a empresa tem apostado em uma cadeia de suprimentos local com mais de 80 fornecedores, mas reconhece que é difícil fazer contratos de commodities em longo prazo.
“Quando a gente assina, já fazemos o hedge do contrato. Daí a importância de fechar o mais rápido com os fornecedores para garantir que não tenha nenhum desvio no custo”, afirma o executivo da fabricante.